O BNDES e os anúncios em canais acusados de propagar "fake news"

É possível encontrar na internet reportagens em que se levantam suspeitas de que órgãos públicos e estatais, incluindo o BNDES, poderiam estar destinando verba publicitária a canais de YouTube investigados no chamado “Inquérito das Fake News”. Após prestar esclarecimentos ao Tribunal de Contas da União (TCU), o BNDES veio a público apresentar para a sociedade explicações acerca do assunto.

O BNDES efetuou repasses para os canais investigados por propagação de fake news?

Não. O BNDES não efetuou repasses financeiros para os canais de Youtube mencionados nas reportagens. Houve veiculação de anúncios, o que ocorreu por ocasião da campanha publicitária “BNDES Aberto”, na qual a plataforma Google foi contratada pela agência de publicidade que atende ao BNDES como parte integrante do plano de mídia, mas o pagamento a canais investigados por suposta propagação de fake news não foi realizado. Ou seja, a resposta é não.

Mas os anúncios foram veiculados nesses canais?

Sim. Segundo os relatórios de mídia, houve veiculação ao longo de duas semanas, em novembro de 2019. Até aquele momento, não era de conhecimento público que os canais estavam sob investigação no Inquérito das Fake News. Destaca-se que o BNDES não escolheu os canais em que a campanha foi veiculada, pois a distribuição de anúncios pelos canais foi realizada pelo algoritmo da plataforma Google, detentora do YouTube. Esse tipo de distribuição se dá numa modalidade chamada “mídia programática”, em que a alocação de anúncios é realizada automaticamente, sem qualquer interferência do anunciante. A agência responsável pela campanha inseriu na plataforma do Google a programação com perfis de público-alvo (no caso, prioritariamente pessoas com mais de 25 anos, interessadas em notícias, economia, investimentos, política e negócios - e ativou filtros para bloqueio de conteúdos indesejados. A entrega (seleção de canais) foi determinada pela plataforma, e não pelo BNDES.

Por que o BNDES não fez o pagamento dos anúncios veiculados?

A retenção dos recursos se deveu, inicialmente, a divergências com relação a códigos de serviço da nota fiscal, mas, depois, estendeu-se a questionamentos feitos pelo BNDES acerca da entrega de anúncios.

O BNDES tomou alguma providência para evitar a veiculação de anúncios em canais inadequados?

Sim. O BNDES tomou as medidas tecnicamente possíveis para evitar veiculações em canais inadequados, como, por exemplo, ao solicitar a ativação de filtros para exclusão de canais com cunho sexual, relacionados ao consumo de drogas, ao terrorismo, a conteúdos violentos, ao discurso de ódio contra etnias, religiões, discriminação de gênero, entre outros.

É importante frisar que o uso de mídia programática no Google foi suspenso pelo BNDES – antes mesmo de ter sido questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, essa foi a única vez em que o BNDES utilizou mídia programática do Google / Youtube. 

 

Como será daqui para frente?

O BNDES orientou suas agências de publicidade para que, no futuro, novas veiculações em mídia programática, caso sejam autorizadas, somente ocorram em veículos que aceitem ter entrega auditada por terceiros em tempo real. O BNDES reitera que continuará prestando contas ao TCU e reafirma sua postura de colaboração com os órgãos de controle e autoridades nacionais.

Quanto dinheiro foi gasto?

Nenhum recurso foi gasto com canais investigados por suposta propagação de fake news, pois o pagamento não foi realizado pelo BNDES.

De toda forma, cabe esclarecer que as 803.680 exibições (anúncios) veiculadas nos 10 canais de Youtube mencionados nas reportagens correspondem a 0,2% do total de anúncios da campanha (incluindo anúncios em outros veículos). Caso tivessem sido pagos, os 803.680 anúncios corresponderiam a R$ 4.913,36 (quatro mil novecentos e treze reais e trinta e seis centavos), ou seja, 0,11% do investimento total da campanha. 

Veja também
O BNDES e a investigação independente da JBS
Estamos abertos para tirar suas dúvidas.
* Campos de preenchimento obrigatório
Aguarde enquanto a sua mensagem é enviada